Educação Slideshow — 17 novembro 2013

 Família Real portuguesa rumo ao Brasil.

(Por/J.Coutinho:.)

Se não fosse o espírito de conquistador de Napoleão Bonaparte, o Brasil seria totalmente diferente. Nem é bom pensar que tipo de país seria o nosso Brasil; devemos muitos agradecimentos ao Boney (como os ingleses apelidaram Napoleão).

 

à bordo a Família Real, Chegada ao litoral de Salvador-BA

“Um misto de medo, coragem e até mesmo; futura vingança” Os últimos dias, um drama como Portugal nunca viu; com o inimigo à vista, o príncipe reúne a família e vem para o Brasil. ”

Em versão oficial da partida, Dom João se despede dos súditos; na realidade, chovia muito, o cais estava totalmente obstruído, gente apavorada com suas bagagens de todo tipo, não havia tempo a perder; os nobres se atiravam ao mar para não serem humilhados pelo exercito de Napoleão.

Os ingleses fizeram naquela época como fazem hoje; fingem  que ajudam, colaborando com o caos, e depois, cobram uma contrapartida para pôr a casa em ordem. Se Portugal foi fiel à Inglaterra provocando a ira de Napoleão, porque a Inglaterra tardou defender Lisboa?

Entre todas as nações que se opunham aos franceses, a Inglaterra era a que tinha maior poder econômico e que tinha uma força marítima tão poderosa que jamais seria vencida por Napoleão. De tal modo, o governo britânico assumia uma posição de liderança como a nação provida por recursos que poderiam interromper os avanços e as conquistas francesas.

A Inglaterra tinha fortes laços comerciais com Portugal,  os ingleses pressionaram os portugueses para que assinassem uma convenção secreta, que asseguraria a Portugal a transferência da sede da monarquia lusitana para o Brasil. “os ingleses eram bonzinhos “.

Os ingleses não queriam defender Portugal, mas sim, “fazer negócios”

 

Em contrapartida, os portugueses deveriam tomar as seguintes medidas em benefício da Inglaterra: a entregar toda Esquadra portuguesa, a Ilha da Madeira, abrir os portos no Brasil  ao seu bel prazer; e a Família Real se conformar com a humilhação.

Existem relatos que nas tavernas (tabernas) o divertimento era logicamente as bebidas e as chacotas contra os portugueses fugindo do exercito do general Junot; fizeram uma charge em que Napoleão puxa a peruca do general Junot, por não ter conseguido capturar a Família Real portuguesa.

(Os ingleses dão risada; na charge, “Boney”, como apelidam Napoleão, puxa a peruca de Junot por não ter conseguido impedir a fuga da família real e chama o general de “seu grandessíssimo patife”).

 Os tabloides ingleses preferiram fazer piadas usando caricaturas de um frustrado Napoleão Bonaparte, ou “Boney”, como apelidam ironicamente o imperador francês, furioso por perder sua presa no último minuto. Mas para os portugueses não teve nada de engraçado enfrentar os acontecimentos incontroláveis que se precipitaram como um arrastão, com a conivência de seus parceiros ingleses  “mui amigos”

O povo brasileiro agradece a toda malandragem entre a França a Inglaterra e a Espanha.

Os invasores franceses já se aproximavam de Lisboa , a Inglaterra “quinta coluna”, cumprindo o seu papel; a Espanha da mesma forma; quando o príncipe regente João, finalmente se viu acuado,traído, pegou família, seus fidalgos, criadagem, tesouros, documentos e veio ser rei de Portugal no Rio de Janeiro graças a Deus. Há de se imaginar a bagunça em que Lisboa se transformou, o desespero era tanto entre os que foram embora quanto aos que ficaram, “a desordem e o espanto existiam por toda parte em Lisboa”.

Palácio de Queluz em Lisboa

Portugal estava vivendo muito bem com as divisas vindas de suas colônias; enquanto a França pós  Revolução continuava guerreando por quase todo Europa; e a Inglaterra perdia as colônias na América.

Por tudo isso, não havia motivos para Portugal tomar partido de nenhum deles, mantendo-se neutro, se bem que, Portugal apenas fingia para que os franceses virassem seus canhões para outro lado; dizendo que só mantinham comercio com os ingleses por obrigação comercial; e para os ingleses Portugal, dizia que não tinha nada contra Napoleão.

Lisboa estava prestes a ruir, quando Napoleão resolveu algumas contendas no resto da Europa, agora volta-se para Portugal.

Junot, deve impedir a fuga da Família Real

– Os registros meticulosos de suas cartas e mensagens permitem reconstituir os fatos, conforme estabelecido: Em 19 de julho, mandou seu Ministro do Exterior informar o embaixador português de que os portos de seu país devem ser fechados à Inglaterra até 1º de setembro; na falta disso, “eu declararei guerra a Portugal” e confiscarei as mercadorias inglesas 

A diplomacia suja começa em Madri, Napoleão dá ultimato através de acertos com a Espanha, que Portugal deveria cumprir tudo que os franceses queriam, na falta disso, os embaixadores da França e da Espanha deixarão Lisboa, e ambas as potências declararão guerra contra Portugal; em 1º de setembro um exército francês marchará até Baiona, (cidade marítima espanhola na fronteira, bem perto da cidade de Caminha em Portugal) pronto para se unir a um exército espanhol para a conquista de Portugal.”

Conforme documentos da época,  no Palácio de Mafra, o príncipe regente fazia aquilo que lhe era o habitual: tentou contemporizar;  anunciou que iria aderir ao bloqueio, e só; mas a urgência do assunto se  obriga e, discretamente, os navios de guerra portugueses receberam ordens de voltar a Lisboa.

Precavidos com a possibilidade da extinção da Casa de Bragança, o Conselho de Estado, órgão que era a mais alta autoridade sob o rei, discutiu-se seriamente primeiro a possibilidade de enviar ao Rio de Janeiro o pequeno príncipe herdeiro, Pedro de Alcântara, Príncipe da Beira (D. Pedro de Alcântara, herdeiro do trono), de apenas 8 anos, como forma de garantir pelo menos a continuidade da dinastia dos Bragança.

Depois, voltou a aflorar a ideia de “transferir a capital do império para o Brasil”, uma mudança em massa de toda a alta hierarquia portuguesa, hipótese existente havia  mais de dois séculos e voltou a ser discutida no governo atual, pelo menos desde que a Espanha invadiu e abocanhou um pedaço de Portugal, em 1801. Nesse ano, com Napoleão já em plena ação, Pedro de Almeida Portugal, marquês de Alorna e respeitado conselheiro militar, escreveu ao príncipe regente:

“A balança da Europa está tão mudada que os cálculos de há dez anos saem todos errados na era presente; em todo o caso o que é preciso é que Vossa Alteza Real continue a reinar (…). Vossa Alteza Real tem um grande império no Brasil, e o mesmo inimigo que ataca agora com tanta vantagem talvez que trema, e mude de projeto, se Vossa Alteza Real o ameaçar de que se dispõe a ser imperador naquele vasto território adonde pode facilmente conquistar as colônias espanholas e aterrar em pouco tempo as de todas as potências da Europa”. Em agosto de 1807, não estava em discussão fazer com que o inimigo tremesse, apenas ludibriá-lo.

Quem fez, críticas maldosas contra Dom João, não entendia nada de Estado.

(Portugal nunca deixou nada de graça para Espanha; voltando ao ano de 1801; quando a Espanha invadiu Portugal  em 20 de maio. O exército espanhol penetrava em Portugal pelo Alentejo, episódio que ficou conhecido como Guerra Peninsular, ou a Guerra das Laranjas. A notícia logo se espalhou aqui no Brasil; emissário vindo da Bahia e depois de Pernambuco, trouxeram noticias que a Espanha tinha invadido Portugal e abocanhado um pedaço da pátria-mãe  Lusitana, não foi um bom negócio para Espanha, os portugueses aqui do Brasil, logo deram o troco, expandiram o estado do Rio Grande do Sul , invadindo parte das colônias espanholas, prendendo seus comandantes e fincando a Bandeira do Império…)

Quanto a Napoleão; Portugal ainda tentou retardar o ataque das forças francesas com uma contraproposta a qual dizia respeito ao Bloqueio Continental, porém Napoleão não lhe deu ouvidos e reiterou todas as suas exigências.

No mês de outubro, os embaixadores da França e da Espanha romperam relações com Portugal e foram embora; chegou a Lisboa a notícia de que o general Jean-Andoche Junot, com um exército de 25 000 homens, marchava pela Espanha em direção à fronteira comum; espanhola e portuguesa.

Não tardou, o príncipe Dom João deixou  Mafra e se instalou no Palácio da Ajuda; a frota portuguesa, reunida no cais de Belém, no Tejo, era aprontada para, oficialmente, proceder à retirada em massa:

“do caos de Lisboa, rumo ao Brasil”.

Ao mesmo tempo, Portugal tratava de garantir a proteção (comercial) da Inglaterra. Em novembro, com tudo desmoronando, Portugal empreendeu duas tentativas desesperadas de se recompor com a França, a primeira: despachou Pedro José de Meneses Coutinho, o marquês de Marialva, para comunicar a Napoleão que todas as suas exigências seriam atendidas; a título de incentivo, levava um punhado de diamantes, uma espada cravejada de brilhantes e uma proposta de casamento entre famílias.

A segunda, produto da primeira: expulsou todos os ingleses, inclusive o embaixador, Percy Smythe, Lorde Strangford, um especialista em Camões e em conchavos políticos, nada deu certo; pois, nada de certo era certo! O marquês de Marialva não passou de Madri. Ao chefe da invasão, Junot, Napoleão mandou dizer: “Acabei de saber que Portugal declarou guerra  à Inglaterra; isso não basta, continue sua marcha; tenho razões para acreditar que existe um arranjo para ganhar tempo“. Em guerra contra as duas grandes potências mundiais, Portugal se via perdido.

 

“Uma cena terrível de confusão e aflição tomou conta de todas as classes assim que se tornou conhecida a intenção do príncipe de embarcar para o Brasil: milhares de homens, mulheres e crianças estavam constantemente na praia, empenhando-se por escapar a bordo. Muitas senhoras distintas entraram na água na esperança de alcançar os botes, mas algumas, desgraçadamente, morreram na tentativa”, descreve o tenente Thomas O’Neill, que estava ao mar, em seu navio, mas ouviu a história de outro oficial britânico, “um cavalheiro em cuja veracidade eu posso ter a mais absoluta confiança”.

Dos palácios foram removidos louças, pratarias, móveis, obras de arte, até duas pequenas carruagens. Das igrejas e conventos, paramentos e peças de ouro e prata – uma espécie de justiça poética, visto que os metais preciosos provinham maciçamente do Brasil.

Só de documentos, foram empacotados 34 caixotes grandes. Toda a portentosa biblioteca do Palácio da Ajuda – 60 000 volumes – foi acondicionada para a viagem. O tesouro real foi raspado até o fundo. Centenas de carruagens dirigiram-se para o porto, sob a chuva incessante. Botes faziam fila para levar a bagagem aos navios.

Foram dois dias e meio de caos e desespero. “Que grande confusão houve no cais”, registrou o funcionário Eusébio Gomes. “Todos a quererem embarcar, o cais amontoado de caixas, caixotes, baús, malas, malotões e trinta mil coisas, que muitas ficaram no cais tendo seus donos embarcado, outras foram para bordo e seus donos não puderam ir.”

Do desespero ao Caos, as pessoas comuns não acreditavam no que viam, pareciam atônitos, a maioria revoltados. Os poderosos partiam enquanto os sujeitos comuns ficavam à mercê dos invasores franceses, pintados como a encarnação do mal, incluindo rabo e chifres.

No começo da tarde de 27 de novembro, a família real embarcou. O príncipe João chegou em carruagem simples, cocheiro sem libré (capa do cocheiro), com o infante espanhol Pedro Carlos, irmão da princesa Carlota, que está sob a guarda do casal. A princesa veio depois, com os dois filhos e as seis filhas, criados, ama-de-leite para a menorzinha. Por fim chegou ao porto a rainha Maria, 73 anos, afastada do trono há mais de uma década.

Que desordem e que confusão; a rainha sem querer embarcar por forma alguma, o príncipe aflito por esse motivo. Foi o (capitão Francisco) Laranja quem fez que a rainha embarcasse.

Torre de Belém -Lisboa

E então o príncipe deu beija-mão às pessoas que ali estavam e entre lágrimas e suspiros começaram a embarcar, e não se pode descrever o que aqui se passou, relata Gomes. Àquela altura, as tropas francesas já eram avistadas chegando à cidade. Durante todo o dia 28, com os franceses a um passo, o mau tempo impediu que a frota saísse do Tejo.

Em pleno tumulto, o destituído embaixador inglês lorde Strangford desembarcou no porto, na qualidade de “amigo particular”. Tinha convencido seus superiores de que era de bom alvitre que se reunisse com o príncipe regente para “mostrar a ele, na linguagem direta e simples da verdade, o único meio de segurança que ainda detém” – qual fosse, dar as mãos à Inglaterra.

Ele também se impressionou: “Lisboa estava em estado de ressentido descontentamento, horrível demais para ser descrito”. Strangford só se encontrou com o príncipe no dia seguinte, domingo, 29, a bordo do “Príncipe Real” e  lá estava quando o tempo abriu e Sua Alteza cruzou a barra para mar aberto…

(Após, alguns dias à deriva, os navios se reagruparam, avistando a Ilha da Madeira, quando o caminho ficou mais fácil até a chegada em Salvador no estado da Bahia.)

 As embarcações chegaram à costa da Bahia a 18 de janeiro de 1808, e no dia 22 os habitantes de Salvador já puderam avistar os navios da esquadra. Às quatro horas da tarde do dia 22, após os navios estarem fundeados, o conde da Ponte (governador da capitania da Bahia à época) foi a bordo do navio Príncipe Real.

No dia seguinte, fizeram o mesmo os membros da Câmara; e uma das primeiras ações do Príncipe regente em terras brasileiras foi decretar a abertura dos portos as nações amigas, ou seja, o Brasil poderia negociar diretamente com outras nações sem ter que passar pelo porto de Lisboa. 

– A comitiva real só desembarcou às cinco horas da tarde do dia 24, em uma grande solenidade.

– Em Salvador foi assinado o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas,”mui-amigas”, a Inglaterra estava livre para fazer e acontecer!

(Por/J.Coutinho:.)

 

– Part/ Veja especial.

 

(Por/J.Coutinho)

 

 

 

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